Aprender de forma saudável: como estudar em tempos de pandemia? [vídeo]

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Olá, querido leitor! Vamos falar neste post sobre a melhor forma de estudar em tempos de pandemia.

Uma equipe de estudiosos das Ciências da Aprendizagem, elaborou um guia para professores e alunos interessados em ensinar e aprender no período de escolas fechadas.

Esse grupo de professores levanta alguns questionamentos bem relevantes acerca do que a educação vivencia nesse momento de pandemia no Brasil e no mundo.

Pela estimativa da UNESCO, quase um bilhão de alunos mundo afora terão que ficar em casa nesse momento da pandemia da Covid-19, porque no tabuleiro da saúde pública, escolas e universidades tornaram-se peças centrais. 

É sabido que universidades e escolas estão transferindo as suas aulas para plataformas on-line, uma vez que os estudantes estão afastados das salas de aula por tempo indeterminado.

Torna-se fundamental criar estratégias que garantam que os estudantes continuem aprendendo de forma saudável e viável durante a crise.

Mas o que é continuar aprendendo de forma saudável e viável no contexto de crise?

O que os estudiosos colocam, e todos nós concordamos, é que é ilusão achar que vamos mover a escola para dentro de casa em um passe de mágica.

Cumprir o mesmo currículo é praticamente impossível, pois os professores não conseguirão executar todos os seus planos de aula on-line.

Os estudantes de uma hora para outra não conseguirão simplesmente passar uma manhã ou uma tarde em videoconferência. 

Os pais também não terão tempo e nem formação para acompanhar todas as atividades de seus filhos. 

O primeiro passo colocado pelo guia é em torno das nossas expectativas: ajustá-las e entender que qualquer solução agora pode ser insuficiente.

Expectativas realistas! 

Entender as várias possibilidades da educação on-line é importante, mas também é fundamental saber das limitações.

Existe outro fator relevante que é o desafio da equidade, pois no Brasil os alunos mais carentes não têm como seguir cursos on-line: têm menor acesso à internet e a computadores e dispõem de menor espaço físico para assistir a aulas virtuais. 

O questionamento do referido guia é da necessidade de pensar em como seguir com a aprendizagem em tempos de pandemia, pois a educação não se resume ao simples depósito de informação na cabeça do estudante.

Ou seja, sair do presencial para o on-line requer mais que colocar slides na rede ou filmar-se diante de uma câmera.

Então, o que fazer?

Segundo o Guia, a pesquisa educacional tem demonstrado que aulas que promovem investigação e construção coletiva do conhecimento e colaboração entre os alunos trazem resultados mais duradouros e eficazes.

Mas é complexo de ser feito a distância sem que haja um trabalho de redesenho e adaptação curricular, em especial com crianças.

Mas como garantir que os estudantes continuem aprendendo em meio ao isolamento físico, social e ao fechamento de escolas e universidades?

Como criar estratégias que garantam que os estudantes continuem aprendendo, de forma saudável e viável, durante a crise?

Seguem as recomendações, validadas por educadores e pesquisadores das Ciências da Aprendizagem, listadas pelo Guia:

1- Diversifique: Diversifique com jogos, visitas a museus virtuais, simulações, ambientes de programação, arte, filmes, laboratórios de ciência remotos e outras atividades.

É importante envolver o estudante na criação de novas aulas para outros alunos ou para colegas de classe. A tecnologia educacional não se resume a plataformas de aulas on-line!

2- Aprender é construir conhecimento, não “absorvê-lo”: O aprendizado é uma interpretação inteligente e sistemática do que se vê, ouve e experimenta. 

Não é somente assistir a vídeos ou fazer exercícios, é sim usar o potencial das ferramentas, tanto on-line quanto off-line, para construção de invenções, teorias e explicações.

É como se chega até a resposta e não necessariamente sobre responder certo. 

3- Valorize saberes e a realidade do aluno: O aprendizado é mais eficaz quando é relevante para o aluno e alinhado com sua cultura e comunidade.

Por que não pensar em novos tópicos que a escola nunca vai ensinar? Por que não tentar fazer menos “aula”, menos “conteúdo”, e mais projetos, capazes de aproximar os temas da realidade e da cultura dos alunos?

Envolver os estudantes e a família e aproveitar as experiências e os talentos, com respeito e cuidado, proporciona um ambiente mais propício à aprendizagem.

4- Reduza o currículo: É natural querer dar todo o conteúdo inicialmente planejado para a sala de aula.

Mas agora aplica-se a máxima do “menos é mais”, porque vale promover poucas experiências realmente significativas do que acelerar as aulas para dar todo o conteúdo.

É insensato pensar que vai conseguir reproduzir salas de aula de oito disciplinas em casa. Cobrir o conteúdo não é garantia de aprendizado!

5- Pense em todos os alunos: Pensar na equidade, nas questões de desigualdades do nosso país, antes de pensar em questões pedagógicas: todos os alunos têm acesso a, no mínimo, um computador com internet?

Todos têm conhecimento e suporte suficientes para usar aparatos digitais? Pois um sistema on-line que não é para todos, vai apenas aumentar desigualdades!

6- Considere os riscos à privacidade: É importante observar os limites à exposição de crianças e adolescentes em ambientes virtuais e o risco de violações à privacidade de alunos, familiares e professores.

7- Pense antes de comprar: O importante agora são pessoas e não necessariamente novas ferramentas. Resista ao impulso de comprar sem planejamento computadores ou outros serviços de educação.

8- Use o momento para aprender: É importante que cada educador tenha o registro de tudo o que está acontecendo e possa refletir sobre o que deu e o que não deu certo, pois nunca vivenciamos um momento tão frágil e erros e tropeços certamente irão acontecer.

O momento é de colaborar: compartilhando conteúdo, atividade de aula e experiência com outros educadores, familiares e alunos.

Com todos os desafios e cuidados, há o questionamento se de fato vale a pena oferecer educação a distância durante a crise da pandemia, pois nem todas as instituições de ensino terão condições de treinar educadores, resolver carências de infraestrutura e desenvolver programas de qualidade rapidamente, que atendam às necessidades dos alunos com equidade.

Nas considerações finais dos autores é explicitado:

“Fechar escolas e universidades está longe de ser o ideal, mas é a medida correta neste momento.

Por mais que a experiência escolar, com todos os seus desafios, seja insubstituível na formação de um indivíduo, o momento pelo qual estamos passando também pode ser de aprendizado para todos nós.

Com planejamento, cuidado e senso de colaboração, será possível mitigar a crise atual e tentar garantir que o desenvolvimento de nossos alunos não seja interrompido completamente. 

E aqui, valem as palavras do nosso educador maior, Paulo Freire: educação é sobretudo diálogo, é sobretudo como aprender a mudar o mundo.

Diante de uma crise desse tamanho, talvez valha a pena uma hora a menos de conteúdo, e uma hora mais de sonhar um mundo melhor”.

Reflitamos: O grande aprendizado deste ano para os estudantes é reagir positivamente aos desafios!

É tempo de travessia!

Adaptação do texto: https://epoca.globo.com/como-estudar-em-tempos-de-pandemia-24318249


* Paulo Blikstein (Universidade de Columbia), Fabio Campos (Universidade de Nova Iorque); Cassia Fernandez (Universidade de São Paulo), Fernando Carnaúba  (Universidade de Columbia), Tatiana Hochgreb-Hägele (Universidade de Stanford), Lívia Macedo (Universidade de Columbia) e Raquel Coelho (Universidade de Stanford) são educadores e pesquisadores brasileiros e fazem parte do grupo Ciências.

Leia também: Ensino Híbrido: abordagem de aprendizagem centrado no aluno

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